Coisas sobre Coisas

Coisas sobre coisas. Uma definição tosca para pensamentos que de elegantes e interessantes não têm nada, mas esforçam-se ser. Aliás, boa definição pra um site que tudo aceitará, comentários, histórias, poemas quem sabe, sobre coisas... coisas sobre coisas... lá vamos nós ver no que dá isso.

2006/02/21

Casa nova

Raríssimos senhores leitores deste blog,

Estou mudando de blog. Indo pra um lugar um pouco diferente que me oferece uma estrutura melhor para trabalhar no blog, como um sistema de gerenciamento de maior qualidade além da possibilidade de começar a lidar com outras idéias.

Mudo o nome do blog, apesar de todos os textos aqui presentes estarem na casa nova sob a tag de "Coisas sobre Coisas".

Àqueles que me lêem (agora sinto uma vontade incrível de rir, quem me lê?) aqui vai o novo endereço para o EpiCaos.

http://back.wordpress.com -> EpiCaos

2006/02/14

SMS

Sonho antigo,
De noites passadas:
Solidão me consome
e a triteza me afaga.

Vida nova,
Cheia de graça:
tua paixão é meu norte,
e o teu olhar minha casa.

Casa onde me refugio, me encontro,
e te tenho minha amada.

(Feito no celular! É complicado, mesmo com o sistema T9, fazer poesia no telefone... o poema não ficou nada geométrico (como se os meus outros fossem muito) mas eu gostei da sonoridade dele.)

2005/12/29

Egocentrismo III

Último dia de trabalho do ano, amanhã primeiro dia de férias! Um mês de praia, livros, nada pra fazer, ficar com a namorada, com alguns amigos, rir, dormir muito e ficar um pouco na frente do PC revisando uns textos e desenvolvendo a minha tal "pseudo-teoria filosófica".

O ano muda em dois dias, eu não mudarei. Permanecerei o mesmo, com os mesmo defeitos, as mesmas qualidades, os vícios de sempre e com essa história que me acompanha e se prolonga diante dos dias que passam. O dia 1º de Janeiro será um dia comum. O que espero que mude é o meu ânimo com algumas coisas que acontecem no começo desse novo ano. Resultado do vestibular, fiz pra filosofia (finalmente encarei o que sempre quis estudar na vida); férias, que espero eu, renovem minhas forças para o trabalho; a possibilidade de me dedicar um pouco mais às humanas, às letras; a companhia e o carinho de alguém especial pra mim, muito especial; a certeza de que certas coisas, oportunidades, não aconteceram, nem virão a acontecer novamente, e me cabe ignorá-las e partir em busca dos outros desafios.

O ano que passou... ah! cheio de pessoas e alegrias compartilhadas com elas. Um namoro que terminou mal pra dar lugar a um outro fantástico, amigos, muito riso, muito carinho da pessoa que amo, longos almoços no trabalho, longas noites rindo... o ano passou, eu sempre descontente comigo mesmo, mas muito feliz com as pessoas ao meu redor...

O ano muda, eu não mudarei. Fico aqui com este texto egocentrico, sem nada de bom a acrescentar aos que o lêem, só pra avisar, só pra dar um até mais, pois estou saindo de férias, vou descançar, viver, sorrir... dormir...

Texto péssimo... mas vá lá... outra hora ponho algo descente aqui...

2005/12/07

Particula(r)

Entrego-me
À preguiça, ao medo, ao ego.
Sou isto ao qual não me apego.

Impeço-me
A vida, o amor, o sucesso.
Não avanço, minha vida é recesso.

Desprezo-me
Num lixo, num limbo, num zero.
Sou o que sou, não o que quero.

Para (A)lguém II

Dorme meu lindo anjo. Um dia o tempo vai parar sobre mim que terei o olhar em ti, e tu terás um olhar que sonha.

Neste teu sonho, que seja um sonho de nós dois, viveremos ainda num outro tempo, que por sua vez terá outros tantos tempos onde juntos estaremos.

De tempo em tempo, sonho em sonho, burlaremos a morte, a distancia, e teremos uma eternidade que não será minha nem tua. Apenas nossa.


Pra ti, em quem encontro motivos pra enfrentar uma eternidade.

2005/11/22

Adelante I

Botei um par de asas negras às costas, uma máscara branca sobre a face, luvas sujas às mãos, tirei os sapatos, o relógio, e me pus a fugir como um louco. Voei o mais longe e alto, distanciei-me de mim mesmo tanto quanto possível, em direção ao caos, a um inferno branco, tingindo com a neve, acalantado do frio pelo perpétuo arder de longas chamas.

Viajei, muito viajei. Sempre Adelante, sempre. Não pude aceitar o que eu era, foi impossível continuar convivendo com aquilo: passividade, compaixão demasiada, timidez, medo - dos outros e de mim mesmo -, horror aos desafios; uma fraqueza de personalidade tão grande, tão absurda... por isso pus-me asas.

Bati com muita força e habilidade as asas que me impus. Por longos anos, terras novas e trevas desconhecidas, eu surpreendi a mim mesmo com o novo ímpeto que em meu peito se instaurava. Fugi para, ao sabor do tempo e ao calor destes tantos infernos que vivi, forjar uma nova alma.

Consagrei meu novo ser nestas longas chamas de um inferno branco. Orei a deuses pagões e realizei rituais profanos, marquei minha pele com sinais místicos e neguei sete vezes as forças que não são as minhas. Pactuei com um deus e três demônios para ter uma vida de prazeres, dores e humanidade.

Sou os contrastes: o horror e a paixão, o medo e a segurança, a dor e o prazer, a paz e o terror; sou a incoerência de face branca, asas negras e mãos sujas. Sigo atrás de histórias humanas lindas ou feias, cômicas ou trágicas, crentes ou cépticas. Sigo, eu Adelante, sempre Adelante.


(Adelante é um personagem que saiu de um poema numa noite muito sinistra. Este foi o último "texto" que fiz dele, os outros são poemas. Pretendo ao longo desse mês colocar outros dois escritos de Adelante aqui.)

2005/11/03

Citações - Manual de Pintura e Caligrafia

Bom... como não ando me considerando, e os outros também, um bom "blogger" - já que de escritor eu creio não ter gabarito pra me autodenominar - vão aqui alguns trechos de alguém cuja genialidade não pode ser colocada em questão, Saramago. Ando fascinado pelo Manual de Pintura e Caligrafia, li três vezes esse ano. Gosto muito da forma descompromissada com que o romance vai se desenrolando, gosto dos questionamentos, dos raciocínios de Saramago, gosto da pintura e também das viagens à Itália. Vão aqui os trechos:

"Sempre fico espantado diante da liberdade das mulheres. Olhamo-las como seres subalternos, divertimo-nos com as suas futilidades, troçamos quando são desastradas, e cada uma delas é capaz de subitamente nos surpreender, pondo diante de nós extensíssimas campinas de liberdade, como se no rebaixo de sua servidão, de uma obediência que a si mesma parece buscar-se, levantassem as muralhas de uma independência agreste e sem limites. Diante desses muros, nós, que tudo julgávamos saber do ser menor que viemos domesticando ou achámos domesticado, ficamos de braços caídos, inábeis e assustados: o cãozinho de regaço que com tanta boa vontade se rebolava no chão, de costas, mostrando o ventre, põe-se de pé num salto, com os membros trémulos de ira, e os seus olhos são de repente alheios a nós, e fundos, vagos, ironicamente indiferentes. Quando os poetas românticos diziam (ou dizem ainda) que a mulher é uma esfinge, acertam, abençoados sejam. A mulher é a esfinge que teve de ser porque o homem se arrogou do senhorio, da ciência, do tudo saber, do poder tudo. Mas é tanta a fatuidade do homem, que à mulher bastou levantar em silêncio os muros da sua recusa final, para que ele, deitado à sombra, como se deitado estivesse sobe uma penumbra de pálpebras obedientes, pudesse dizer, convicto: 'Não há nada para além destas paredes.'"

"Digo coisas que todos dizem, mas este feltro pisado e repisado que é a cultura, que é a ideologia, que é também isso a que chamamos civilização, compõe-se de mil e um pequenos estilhaços, que são heranças, vozes, superstições que foram e assim permanecem, convicções que esse nome se dão e tanto lhes basta."

"Não serei capaz de ir mais longe, por enquanto, mas o sinal dessa incapacidade, o risco de unha que o marca, é já o primeiro passo, ainda que outros não continuem: o que distingue o passo único de um primeiro passo é apenas a paciência que houve, ou não houve, para esperar o segundo."

"As vontades juntas dos habitantes formam, sem que eles se apercebam, uma vontade diferente que passa a governá-los e que cuidadosamente os vigia."

"Nascer, viver, morrer são verdades universais e sequência natural. Se quisermos transformá-las em verdade pessoal e em sequência cultural, teremos de escrever muito mais do que os três verbos por aquela ordem dispostos, e admitir que, entre os dois extremos de nada e nada, o viver possa conter alguns nascimentos e mortes, não apenas alheios que de algum modo nos toquem ou firam, mas outros nossos"

2005/09/26

Pai, Filho

Quantos de meus sonhos, filho meu, foram consumidos pelo tempo sem que eu tivesse oportunidade de levantar-me e correr atrás deles. Foram tantos, tão belos e grandiosos sonhos, quase todos ficaram pelo caminho da vida sem que eu dedicasse a eles o tempo devido, o amor necessário, a paciência exigida. Passei pela vida aproveitando as grandes coisas que ela me ofereceu: as pequenas alegrias. Extasiei meu ser em cada pequeno momento da vida, naquelas coisas mais simples, mais belas, as verdadeiramente válidas, as que nos fazem transcender as dores, os medos, as derrotas em prol de uma ressurreição diária, de um sorriso, de uma boa conversa à mesa de um bar com amigos sinceros, do abraço de quem se ama, de um pôr do sol, de uma caminhada pela praia ao anoitecer, de um gracejo de criança.

Foi em ti meu filho que tive o maior de meus sonhos realizados e as menores, conseqüentemente as mais sinceras, alegrias de minha vida. Durante longos anos foi ao teu futuro que dediquei todo aquele presente já passado. Em cada novo passo teu que se firmava no chão um sorriso se abria em mim e era como se eu fosse a síntese mais fiel do que se chama felicidade. Tuas novas palavras eram como que prêmios de um valor inestimável que eu recebia. Foste crescendo e os anos te dotaram de uma inteligência e alegria que a mim muito lembram na juventude, mas que a mim muito transcendem e isto me deixa intensamente feliz ainda hoje.

Os anos se passaram meu filho, filhote. A criança deu lugar ao homem que hoje me orgulha. As palavras débeis e o vocabulário escasso deram lugar a todo um conjunto de técnicas que usas muito bem articuladas e fazem de ti como que um menestrel a mostrar a quem quer que seja aquelas idéias que tens. Os passos cambaleantes foram substituídos por um andar firme, por um corpo pronto para a batalha que é a vida, para levar nosso sangue adiante. Hoje não precisas mais que eu te segure pelas mãos para que teus passos sejam dados.

Não quero, filhote, extender-me demais nesta carta que a ti entrego como o maior bem que posso te deixar por herança. Sabes que aquilo que acumulei ao longo da vida não vale tanto para mim, são apenas terras, dinheiro, alguns meios de se fazer mais dinheiro, para mim tudo isto é apenas uma forma de tornar a vida mais leve. O verdadeiro valor está dentro de nós, em como encaramos a vida. Foi isso que tentei te passar ao longo dos anos e espero que carregues contigo por toda vida.

Não busque nos outros, jamais, os motivos para aquilo que queres fazer. Faça as coisas porque desejas ou porque elas podem trazer algum benefício pra ti, ou pra alguém que amas, o que sempre dará no mesmo. Confie em ti para fazeres aquilo que desejas, saiba confiar naqueles que estão a tua volta, jamais cegamente. Estejas sempre atento às coisas do futuro, saiba prever e antever o que está por vir, mas nunca deixe de viver o teu presente. Nos momentos de fraqueza, de solidão, de medo, daquele sentimento de incapacidade que a todos nós abate num momento ou outro não hesites em procurar um amigo, entretanto estejas sempre consciente de que tudo só irá melhorar por ti, jamais pelos outros. Aprenda, também, filhote, a contar com a força do tempo, ele a tudo consome e tudo leva em sua maré; muitas vezes nos põe em desespero quando ansiamos demais por algo, mas também é ele que faz a tudo acontecer num momento ou outro.

Sinto-me como o elefante que vai se afastando da manada por perceber que seus passos não podem mais acompanhá-la. O tempo passou e me deixou assim, a mercê destes males que agora me consomem mas que não podem tirar a alegria de uma vida de amigos, sonhos e sorrisos. Em breve não estarei mais por aqui, por isso te deixo esta carta-testamento, quero que saibas que fostes uma de minhas maiores alegrias, quero que saibas que fui muito feliz nos caminhos que trilhei e que a tristeza, que também esteve comigo por muito tempo em vários momentos, apenas ajudou-me a dar ainda mais valor às horas de alegria. Por isso te peço que não chores num destes momentos inevitáveis que o tempo há de trazer pra nós, sorria apenas sorria porquê eu estarei sorrindo. Não há com o que chorar quando se soube viver a vida, por isso seja forte. Olhe pra frente e, como eu, sempre viva. Viva!





(obs: este texto estava guardado há dois meses sem ser concluído, neste sábado parei em frente ao pc e fiz os dois últimos parágrafos além de dar uma primeira revisada. Li ele para meu pai. Até aí nada demais, o engraçado foi a coincidência em assistir o filme "Invasões Barbaras", que minha namorada havia escolhido, na mesma noite. Senti como que meu texto fosse parte daquela história. Fica meio estranho ler esse "testamento" agora, tenho a sensação de que ele foi baseado no filme, mas fica aí, foi mais uma dessas coisas engraçadas que nos acontecem no dia-dia.)

2005/09/18

Holocausto Infinito I

Sorria, mesmo que seja difícil.
Sorria meu amigo, sorria comigo.
Estamos livres, após cinco anos.
Não somos homens, mas espectros;
Ao menos hoje, espectros livres.
Os grilhões romperam. Olhe o sol!
O sol queima nosssas peles. Luz!
Quanta saudade desta claridade...
Ah, meu amigo, a ferida é imensa
Contudo a esperança há de sarar.
Vamos amigo! Procuremos crianças!
Após tanto tempo como um espectro
O que desejo é um sorriso infantil.
Um sorriso para fazer-me gente!

(Obs: mais um poema sob a marca de Holocausto Infinito.)

2005/09/14

Egocentrismo II

Bom... agora são exatamente 4horas e quinze minutos, não, não é da tarde, mas da madrugada mesmo. Neste exato momento estou no meu trabalho, dando um tempo pra cabeça e aproveitando pra escrever no blog. Estou no trabalho dando um tempo pra cabeça as quatro da manhã? Não... estou trabalhando desde as 10:30 da manhã de ontem. Ah! Detalhe, de domingo para segunda trabalhei 24horas consecutivas, hoje com certeza chego a esse número de horas trabalhadas brincando. devo ir para umas 28 consecutivas. Coisa de louco? Sim... espero que um louco reconhecido pelo trabalho, mas isso... sobre isso não tenho certezas pra responder qualquer coisa. Alias, agora não é um bom momento pra escrever ou tentar pensar em recompensas. Estou ganhando a hora-extra, nada de muito emocionante, mas já é algum reconhecimento por essas noites perdidas. Fujo com esse texto do objetivo do blog, mas como não tem ninguem no meu IM agora pra mim reclamar da vida, faço isso aqui! Como eu gostaria de ser só mais um estudante sustentado pelos pais cursando algo em humanas. Contudo, não é isso que me cabe hoje, vamos fazer o melhor com o que tenho nas mãos... fazer o trabalho bem feito! Adelante!!!!

(Mas que bela porcaria ficou esse texto! Santo Deus!!! Chega de experiências literárias durante madrugadas de trabalho.)

2005/09/10

Florianópolis

Florianópolis está cinza.
O Céu escuro, coberto de nuvens.
Densas nuvens sem chuva;
Gotas densas sem chão.

Florianópolis está cinza.
Não mais cinza que eu.
Umas nuvens acima de mim,
Não há como a luz passar.

Florianópolis está cinza.
Não, triste não; nem alegre.
Apenas cinza. Serena, cinza.
Cinza, assim... como as vezes somos.


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